As campanhas eleitorais, especialmente as autárquicas, e já vão muitas, são férteis em banalidades. Os apelos ao voto são sempre cheios de promessas, algumas de tão repetitivas já ninguém as leva a sério, mas a verdade é que em Estremoz, muito, mesmo muito há para fazer. Posso afirmar, todos certamente vão concordar, que muito do que falta em Estremoz não é só emprego para todos, especialmente para os jovens, falta muito do mais básico e essencial para o bem estar dos cidadãos e para melhorar a qualidade de vida.
Os autarcas da nossa terra sabem que, além de planear, projectar, traçar um rumo para que haja confiança e investimento, é absolutamente necessário pensar nas pessoas e no seu dia a dia.
Não se cuidou do passado e não se planeou o futuro. As zonas históricas estão abandonadas. Ninguém teve uma ideia, um projecto, uma vontade de intervir, de forma a tornar a parte mais altaneira da cidade num dos melhores e maiores pólos de atracção do Alentejo. Ali a segregação social é quase uma realidade. Tanta coisa poderia ter sido implementada, no aspecto turístico, cultural, comercial e de lazer, sem excluir ninguém. Na periferia, cada courela, cada horta, cada interesse particular, foram surgindo aglomerados a que chamam bairros, como cogumelos selvagens nascem no campo, esquecendo que vivemos em comunidade. Como não houve planeamento, as infra estruturas de cada bairro são um novo problema para outro novo bairro. Muitas ruas são quase tão problemáticas como as do bairro de Santiago. É um verdadeiro caos urbanístico. Os espaços verdes, as zonas de lazer, as zonas de estacionamento, os equipamentos, as acessibilidades são uma miragem. É assim, de forma quase generalizada em todo o concelho. É desolador verificar que muitos jovens têm de brincar e jogar à bola nas ruas à boa maneira de antigamente. Os cidadãos, particularmente os idosos, não têm condições para circular em segurança. As ruas da zona industrial e os equipamentos desportivos foram mal concebidos e com custos que ninguém conhece.
Ter uma casa com boas condições de habitabilidade, ter as muralhas meio recuperadas e iluminadas, não chega para dizer que em Estremoz há qualidade de vida, é necessário muito mais, melhor e diferente. A qualidade de vida passa pela recuperação urbana e a sua humanização, implementando e desenvolvendo actividades culturais, turísticas e de lazer, dando facilidades aos agentes comerciais, ao artesanato e aos serviços. A qualidade de vida passa pela melhoria dos arruamentos, pela utilização permanente e qualificada de todo o espaço designado como património histórico, pela implantação de verdadeiras zonas verdes, internas e periféricas, de parques de estacionamento, pela boa sinalização e acessibilidade para os deficientes às passadeiras, aos edifícios municipais, aos serviços públicos e privados, aos monumentos, aos museus, aos jardins, aos parques desportivos e pela restrição à circulação automóvel em determinadas zonas urbanas.
Estas deficiências representam falta de capacidade e de vontade politica. Ninguém venha dizer que são necessários muitos milhões para implantar passadeiras, rampas, sinalização, elevador para os pisos superiores do edifico da Câmara, passeios na Avenida de Santo António até ao cemitério, iluminação até ao estádio municipal, arranjo da zona anexa ao pavilhão e piscinas, espaços verdes, parques de estacionamento, etc. Os agentes económicos, culturais e outros investidores não se revêem neste estado do concelho e não têm confiança.
Também os cidadãos, estremocenses ou não, são portadores de grandes deficiências. A falta de civismo, de educação e de respeito, quando estacionam os veículos sobre os passeios, passadeiras, lugares públicos ou de estabelecimentos comerciais, cujo destino é exclusivo para deficientes e estão devidamente sinalizados. É vergonhoso e aí exige – se que as forças policiais sejam rigorosas e intransigentes.
Como estremocense espero que tudo isto venha a melhorar. Estremoz e os cidadãos estão acima de todos os jogos e interesses partidários.
PESDECABRA